terça-feira, 1 de julho de 2014
por Kasey Edwards
“Nossa, você está ótima. Como emagreceu!”

Disse uma das mães para mim na saída da escola.

Foi um elogio inesperado, porque, depois de anos de ódio ao meu próprio corpo eu acabei colocando mais esforço em me aceitar, sustentar uma alimentação saudável e criar hábitos rotineiros de exercícios do que em lutar para simplesmente diminuir de tamanho.

Mas ainda que emagrecer não fosse meu objetivo, eu me senti elogiada. Na nossa cultura, dizer a uma pessoa que ela emagreceu é, de fato, um dos maiores - se não o maior - dos elogios.

Fomos condicionados a acreditar que perder peso é sinônimo de sucesso, controle da própria vida, muita saúde e, claro, beleza.

O emagrecimento é celebrado em todos os aspectos da nossa cultura - em conversas de jantares formais, reality shows, capas de revistas, desafios corporativos e até mensagens de “saúde” do governo.

Ser magro, na nossa cultura, é mais uma questão de julgamento moral do que de saúde. Até a “preocupação” da mídia com mulheres extremamente magras vem embrulhada num certo grau de admiração.

Por exemplo - a atriz Sharni Vinson, de Home and Away, foi fotografada recentemente em uma praia de Miami com vários quilos a menos, e o artigo incluiu uma citação que explicou o emagrecimento como sinônimo de trabalho árduo:

“Eu sempre perco peso quando estou filmando - você está constantemente atarefada e no set de filmagens, dando 110% de si."

Reportou o artigo como sendo a fala da atriz sobre o assunto.

A admiração do emagrecimento, assim como o papo sobre peso, é uma estratégia social difundida e aceita para mulheres se conectarem umas com as outras. Eu sou tão culpada quanto a vizinha por tentar fazer minha amiga se sentir bem celebrando seus quilos a menos.

Olhando com mais cuidado, um elogio ligado ao emagrecimento é sempre um tiro no pé. Não importa o tamanho da boa intenção, junto com o elogio, o que também se diz, silenciosamente, é que o outro, quando tinha alguns quilos a mais, não estava nada legal.

Considerando que a maioria das pessoas que perde peso volta a ganhar em um determinado período, o elogio tem data de validade. É só uma questão de tempo para que ele seja vazio e nulo. Então, mais que fazer nossa amiga se sentir bem, nós efetivamente a alertamos de que qualquer ganho de peso futuro não passará despercebido.

Isso talvez seja o mais desagradável acerca de afirmações relativas à mudanças no nosso corpo - sejam elas negativas ou positivas. Elas mostram como estamos todos secretamente monitorando uns aos outros, nos checando, para ver se engordamos ou se diminuimos de peso.

A medida em que objetificamos nossos corpos, em troca, aprendemos a nos objetificar inteiros, como pessoas, baseando nosso valor em como os outros nos percebem.

Naquele dia, na saída do jardim, na escola, me ocorreu que minha filha de 4 anos, a Violet, estava ouvindo o papo sobre meu emagrecimento, e o brilho temporário de afirmação que tinha me tomado rapidamente deu lugar a uma sensação nauseante.

Meu medo é que minha filha aprenda, com esse tipo de troca, que se você emagrecer você é necessariamente merecedora de atenção e elogios. Ainda que aquela conversa não tenha compreendido, na realidade, nenhuma mensagem real de saúde ou afirmação do corpo. Ainda que ela tenha, na verdade, significado um reforço da busca doente da nossa sociedade por emagrecimento a todo custo, e da insistência repulsiva em julgar o valor do outro - particularmente o das mulheres - pela aparência.

Não podemos criar nossos filhos para serem felizes e confiantes com seus corpos se eles seguirem ouvindo suas mães julgando umas as outras pelo tamanho do jeans. Precisamos parar de usar a perda de peso como um benchmark, uma medida do quanto estamos bem, um parâmetro de sucesso na vida.

Dar foco às flutuações constantes dos tamanhos dos nossos corpos só serve para nos fazer sentir ainda mais inseguros com relação a nossa aparência. Um dos maiores presentes que podemos nos dar, e aos nossos amigos, é um espaço seguro, livre das desprezíveis e ansiosas mensagens ligadas ao peso e à aparência, que nos tiranizam.

Se realmente nos importamos uns com os outros - e com nossos filhos - é hora de encontrarmos um outro jeito de expressar nossa admiração e amizade.


* Kasey Edwards passou mais de uma década escalando os degraus corporativos como consultora até acordar uma manhã e descobrir que não queria mais ir ao trabalho. Nunca mais. Mistura humor, irreverência e muita pesquisa para escrever sobre satisfação no trabalho, maternidade, FIV, auto-estima e imagem. Mora em Melbourne com seu marido e a filha, e é autora de quatro best-sellers.

Nota: Texto original em inglês, escrito por Kasey Edwards e publicado no Daily Life. Traduzimos com a autorização da autora. Agradecemos. FONTE

Um comentário:

  1. adorei... e a sociedade precisa valorizar menos o corpo e passar a valorizar mais o caráter.. bjokas nega e sucesso

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Fala que eu te escuto! heuheuehu Obrigada pelo carinho xD

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Ex-viciada em junk food mudando a alimentação para um estilo Paleo-LCHF e aprendendo a ser saudável para promover saúde um dia. Viciada em música, seriados e livros. Mantenho a sanidade quando possível... e o bom humor sempre.

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